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Chiara Gemma Pusseti
Projetos de Investigação
Imigrantes e serviços de apoio social: tecnologias de cidadania em Portugal
No contexto recente da União Europeia, os assuntos relacionados com as migrações tomaram uma importância fundamental na actividade governamental, criando a necessidade de estudar, categorizar e apoiar as populações migrantes, assim como promover a sua integração. Deste modo, um enorme esforço financeiro foi realizado ao nivel nacional e supra-nacional no desenvolvimento de políticas e implementação de programas com o intuito de expandir uma rede de apoio social responsável por acompanhar e monitorizar a integração dos migrantes. Estes programas, na nossa perspectiva, gravitam em torno do que iremos chamar a dicotomia vulnerabilidade/risco. Por um lado, existe a representação que habitualmente relaciona os imigrantes com o desvio e a criminalidade, a falta de competências sociais e a insegurança, constituindo deste modo um risco para a sociedade. Por outro lado, eles são também vistos como pessoas em dificuldade, vítimas de um desenraizamento traumático, necessitados e desprotegidos, num estado permanente de vulnerabilidade. Esta dicotomia constrói a ideia de que existe algo intrinsecamente 'problemático' na condição ser imigrante requerendo, portanto, 'soluções' para controlar 'comportamentos de risco' e cuidar de 'estados vulneráveis'. Desta forma, o principal objectivo deste projecto é, em vez de partir do pressuposto de que a vulnerabilidade e o risco são condições naturais da migração, analisar o sector de apoio social aos imigrantes no Portugal contemporâneo, fazendo uma muito necessária avaliação crítica - através da análise etnográfica de diversos contextos - de como estas políticas se efectivam e afectam a vida das populações migrantes. O projecto irá investigar como estas intervenções pretendem construir formas normativas de cidadania e subjectividade, fundadas habitualmente em assumpções morais culturalmente específicas de cariz etnocêntrico. Consequentemente, pretendemos documentar e avaliar a violência institucional, social e cultural com que os migrante...
Informação do Projeto
2010-01-15
2013-07-14
Parceiros do Projeto
T-SHaRE: Competências transculturais para a saúde e o cuidado
O projeto T-SHaRE pretende melhorar a organização dos serviços de saúde tornando-os mais acessíveis aos migrantes. Pretende, igualmente, melhorar a relação e a comunicação entre profissionais de saúde, mediadores culturais e comunidades imigrantes, reconhecendo e valorizando os contributos dos migrantes e os seus conhecimentos e competências relacionados com a saúde e com os cuidados de saúde. Isso significa definir, aprimorar e reconhecer os conhecimentos de mediação cultural no setor de cuidados de saúde, a fim de remover formas de exclusão, rejeição ou mal-entendidos que frequentemente ocorrem nos serviços de saúde, quando os utentes têm dificuldade em se orientar num sistema de sinais, interpretações, procedimentos e intervenções que muitas vezes são diferentes ou desrespeitosos da sua condição e cultura. Em particular, hoje, as funções e responsabilidades do mediador cultural na área de cuidados de saúde, não estão claramente definidas ou partilhadas num determinado Estado-Membro, nem sequer a nível europeu. Este facto cria muitas vezes, mal-entendidos com prestadores de cuidados de saúde e médicos, que podem afetar negativamente a intervenção. Tal ocorre, em particular, na área complexa e delicada da saúde mental e da saúde das mulheres migrantes, onde a dimensão da saúde está intimamente relacionada com a dimensão social, cultural, relacional, jurídica e económica: as mulheres imigrantes têm um índice maior de mortalidade neonatal e pré-termo/baixo peso dos recém-nascidos. Os imigrantes com necessidades psiquiátricas encontram frequentemente dificuldades para aceder aos cuidados de saúde mental e receber tratamento. Além disso, os imigrantes no território da UE não são apenas utentes de serviços de saúde, mas às vezes têm e trazem para a Europa conhecimento, práticas, representações culturais de doenças e saúde, práticas médicas, relacionamentos de interajuda, que potencialmente representam uma oportunidade de inovação e melhoria de modelos de saúde europeus ...
Informação do Projeto
2009-11-01
2012-04-30
Parceiros do Projeto
Políticas de saúde e práticas terapêuticas: sofrimento e estratégias de cura dos migrantes na área da Grande Lisboa
A vulnerabilidade é uma característica reconhecida socialmente como sendo comum aos grupos de migrantes. Os problemas de saúde são agravados por uma deficiente inserção comunitária, por níveis sociais e económicos mais baixos que o nível médio do país de acolhimento, por barreiras linguísticas e culturais, etc. Apesar do reconhecimento destas características gerais e de terem sido feitos esforços para a sensibilização desta população face aos riscos das doenças infecto-contagiosas (como a tuberculose, as hepatites e a SIDA), em Portugal não foi desenvolvida, até ao momento, uma reflexão antropológica aprofundada sobre o processo de encontro entre diferentes saberes e práticas da cura ligados a contextos históricos e culturais específicos, nem uma análise cuidada das oportunidade e dos riscos que derivam do pluralismo médico. A exigência de desenvolver uma reflexão acerca dos percursos de cura dos migrantes é particularmente forte numa área como Lisboa, cujo espaço urbano é também o espaço da coexistência de mundos e lógicas autónomas, campo de mudanças dramáticas, de graves contrastes sociais e lutas de poder, de novas dinâmicas identitárias, de formas imprevisíveis de subjectividade individual. Por um lado, os técnicos de saúde encontram-se cada dia mais envolvidos em situações onde está presente um gradiente de alteridade cultural que corre o risco de tornar inaplicáveis e inadequados os processos rotineiros de intervenção clínica, ou pelo menos de diminuir bastante a sua eficácia. Por outro lado, os migrantes encontram-se muitas vezes desorientados no confronto com uma "moral" biomédica - definidora de risco, doença, saúde e cura, e condicionante das representações e percepções do corpo - que muitas vezes para eles não tem sentido. Face à exigência de uma explicação, a impotência das interpretações da biomedicina é vivida pelos migrantes com desconforto. O projecto que propomos localiza no sofrimento, nas emoções e no descontentamento dos migrantes os objectos pr...
Informação do Projeto
2007-09-01
2011-02-28
Parceiros do Projeto