Architecture, Colonialism and Labour. The role and legacy of mass labour in the design, planning and construction of Public Works in former African territories under Portuguese colonial rule
A disciplina de arquitetura, ao lidar com Obras Públicas associadas ao colonialismo e à ocupação territorial, continua a centrar-se na análise da constituição das equipas de projeto, dos gabinetes de Obras Públicas coloniais e dos próprios arquitetos e engenheiros. Este foco na “elite projetista” ignora uma contribuição crítica para estas Obras Públicas, nomeadamente a força de trabalho responsável pela concretização destas estruturas. Assim, continuam a faltar questões críticas sobre a força de trabalho envolvida na materialização dos planos arquitetónicos: quem eram esses trabalhadores? De que grupos étnicos provinham? Como surgiam em contingentes que podiam agregar alguns milhares de indivíduos? Como se processava o seu recrutamento? Quais eram as suas expectativas? Como eram pagos? Que formação recebiam? Que repercussões tiveram estas experiências de trabalho (maioritariamente compulsivo)? Que conflitos provocaram nas sociedades coloniais? Como resistiam ao recrutamento? Como colaboravam? Como lidar com este legado?
Em resposta, o projeto ArchLabour irá desenvolver um novo enquadramento teórico para avaliar o trabalho massivo, com o objetivo de dar visibilidade a estes trabalhadores invisíveis, estabelecendo assim uma ligação entre a subalternidade histórica e a desigualdade que ainda assombra as comunidades que herdaram este passado. Através do estudo das diversas experiências coloniais nos países africanos que têm o português como uma das línguas oficiais (Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique), e cobrindo um amplo período que se estende desde a colonização moderna, iniciada após a Conferência de Berlim, passando pelas práticas de exploração do capitalismo industrial, até aos anos imediatamente seguintes à independência africana, o projeto cruzará a história da arquitetura colonial e o tema do Trabalho, com a história da Ciência aplicada à construção e os estudos pós-coloniais em arquitetura.
Informação do Projeto
2024-01-01
2028-12-31
Parceiros do Projeto
- DINAMIA'CET-Iscte (CT) - Líder
Mulheres Arquitectas na antiga África Colonial Portuguesa: género e luta pelo reconhecimento profissional (1953-1985)
Há profissões como a arquitectura onde, apesar de tudo o que as mulheres conquistaram, uma hegemonia masculina persiste e não é muito permeável a revoluções de género. Este projecto exploratório visa identificar e descrever a luta das arquitectas na África de língua portuguesa pelo reconhecimento e representação da carreira, como consequência das desigualdades herdadas do passado colonial. A investigação tem continuamente colocado perguntas como: Quem eram as arquitectas que trabalhavam nos antigos territórios coloniais portugueses em África? Qual era a sua origem étnica? Qual era a sua origem profissional e educativa? Quais eram as suas lutas pelo reconhecimento profissional? Com a independência destes novos países, que papéis assumiram estas mulheres arquitectas? O projecto procura preencher uma lacuna na história dos países africanos colonizados por Portugal – Cabo Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe, Angola, e Moçambique – abordando a condição das arquitectas precursoras entendidas como as primeiras profissionais a trabalhar nestes territórios. A oferta de trabalho durante o domínio colonial foi limitada às Obras Públicas Coloniais e aos escritórios familiares. A transição para a independência traria novidades, tais como programas de cooperação e a reforma dos serviços públicos. A investigação considerará estas mudanças na profissão e na cultura arquitectónica, questionando a forma como as mulheres sobreviveram e emergiram em condições de extrema vulnerabilidade laboral, no entanto, por vezes impondo-se pela falta de técnicos. O projecto irá registar 2 períodos históricos: 1953-1974, definidos pelo colonialismo tardio (desde a chegada da primeira arquitecta em África, até à independência africana); 1975-1985, caracterizado como o período pós-independência (a partir da transição governamental, até à primeira mulher formada no curso de Arquitectura na Universidade Agostinho Neto, em Angola). Diferentes tipos de carreiras serão abordados nesta linha cronológica...
Informação do Projeto
2023-03-01
2024-08-31
Parceiros do Projeto
- DINAMIA'CET-Iscte (CT) - Líder
- AHU - (Portugal)
- IPGUL - (Angola)
Controle e violência através da habitação e da arquitectura, durante as guerras coloniais. O caso português (Guiné-Bissau, Angola e Moçambique): documentação colonial e análise crítica pós-independência
Qual foi o papel da Arquitectura durante a guerra colonial (1961-74) no suporte ao colonialismo português? Partindo da rara bibliografia existente que interpela Arquitectura, Colonialismo e Guerra (He17;He18), mas também ponderando a relação entre Violência e Colonialismo (LuMo14), a pesquisa foca-se na produção de Habitação durante as guerras de libertação na antiga África Continental Portuguesa, e suas repercussões no período imediato às independências das nações da Guiné-Bissau, Angola e Moçambique. O projecto prevê 2 fases: 1) análise da produção da habitação realizada nos últimos 14 anos de colonialismo, considerando a composição da sociedade colonial e os 3 agentes de Obras Públicas Coloniais (OPC ) envolvidos, abordada na perspectiva do tratamento arquivístico e documental, cartográfico e descrição historiográfica; 2) identificação e análise crítica do estado desse parque habitacional no período imediato a 1974/75 (abandono, reconfiguração e apropriação) e seu contributo na formação de fenómenos como a desigualdade no acesso e na qualidade (plástica, técnica e funcional) da casa pelas sociedades pós-independências. A investigação questiona o papel da guerra na criação de mecanismos de controle, recorrendo à arquitectura e ao urbanismo, tendo a produção de habitação como centro. Observa 3 fenómenos: a) novos bairros de expansão urbana de classe-média e económicos, edificados sobre musseques e caniços, para controle de populações; b) colonatos em áreas económicas estratégicas; c) reordenamentos rurais resultantes de deslocações massivas de camponeses africanos em territórios de guerra. Traça uma leitura contínua entre colonização e pós-independência, relacionando o direito à habitação com as diferentes infraestruturas residenciais herdadas do período colonial. Na 1ª fase o estudo considera os 3 grupos de habitantes que caracterizaram as narrativas coloniais: a) colonos europeus, b) assimilados e c) populações africanas. Analisa as paisagens urbana e rural onde...
Informação do Projeto
2021-03-29
2024-11-30
Parceiros do Projeto
- DINAMIA'CET-Iscte (CT) - Líder
- DGLAB - (Portugal)
- EME - (Portugal)
- Gulbenkian - (Portugal)
- IPGUL - (Angola)
- UAN - (Angola)
- UEM - (Moçambique)