Há profissões como a arquitectura onde, apesar de tudo o que as mulheres conquistaram, uma hegemonia masculina persiste e não é muito permeável a revoluções de género. Este projecto exploratório visa identificar e descrever a luta das arquitectas na África de língua portuguesa pelo reconhecimento e representação da carreira, como consequência das desigualdades herdadas do passado colonial. A investigação tem continuamente colocado perguntas como: Quem eram as arquitectas que trabalhavam nos antigos territórios coloniais portugueses em África? Qual era a sua origem étnica? Qual era a sua origem profissional e educativa? Quais eram as suas lutas pelo reconhecimento profissional? Com a independência destes novos países, que papéis assumiram estas mulheres arquitectas? O projecto procura preencher uma lacuna na história dos países africanos colonizados por Portugal – Cabo Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe, Angola, e Moçambique – abordando a condição das arquitectas precursoras entendidas como as primeiras profissionais a trabalhar nestes territórios. A oferta de trabalho durante o domínio colonial foi limitada às Obras Públicas Coloniais e aos escritórios familiares. A transição para a independência traria novidades, tais como programas de cooperação e a reforma dos serviços públicos. A investigação considerará estas mudanças na profissão e na cultura arquitectónica, questionando a forma como as mulheres sobreviveram e emergiram em condições de extrema vulnerabilidade laboral, no entanto, por vezes impondo-se pela falta de técnicos. O projecto irá registar 2 períodos históricos: 1953-1974, definidos pelo colonialismo tardio (desde a chegada da primeira arquitecta em África, até à independência africana); 1975-1985, caracterizado como o período pós-independência (a partir da transição governamental, até à primeira mulher formada no curso de Arquitectura na Universidade Agostinho Neto, em Angola). Diferentes tipos de carreiras serão abordados nesta linha cronológica: arquitectas independentes; técnicas que trabalham para os departamentos de Obras Públicas; cooperantes. O projecto prevê 3 segmentos: 1) análise na perspectiva do tratamento arquivístico e documental; 2) identificação de percursos formativos e profissionais na perspectiva dos estudos de género em Arquitectura; 3) descrição historiográfica para um enquadramento teórico. No 1º, 3 perfis demográficos são considerados na categorização dos técnicos graduados que trabalham nas colónias portuguesas: etnia europeia; etnia europeia nascida em África; etnia africana. No 2º, será realizada uma análise orientada para os percursos formativos e profissionais do grupo de mulheres consideradas para o inquérito. As únicas 2 instituições que formaram arquitectas em Portugal – as Escolas de Belas Artes de Lisboa e Porto – serão analisadas e descritas com base nos seus programas de estudo, projectos finais de graduação e métodos de ensino. No 3º, o desempenho destas mulheres na formação e na profissão será analisado e descrito no âmbito das metodologias da História da Arquitectura. Será dada atenção ao quadro teórico fornecido pelo actual estado da arte em matéria de género, raça e estudos de subalternidade. A análise dos 5 países, ao beneficiar de uma perspectiva comparativa, permitirá enquadrar o papel destas mulheres arquitectas em diferentes contextos culturais, económicos e sociais. Os métodos de investigação combinarão o levantamento de arquivo com entrevistas e visitas às obras concebidas pelas mulheres nomeadas como casos de estudo. Entre os arquivos a consultar encontram-se o Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) com a sua extensa documentação sobre as Obras Públicas; e os arquivos das faculdades de arquitectura em Portugal, que herdaram as colecções das antigas Escolas de Belas Artes. Instituições externas – como o Instituto de Planeamento e Gestão Urbana de Luanda (IPGUL) – garantem o apoio aos inquéritos locais e ao trabalho de campo. A informação recolhida sobre o trabalho profissional destas mulheres, formação, currículos, desenhos e capacidade de influenciar a cultura local será considerada. Com base nestes dados, será possível construir uma História da Arquitectura Africana que integre mulheres. O impacto desta investigação reflecte-se também nas condições actuais em que as arquitectas são formadas nos países africanos de língua portuguesa, onde continuam a ser em menor número e a ter menos representação profissional. A equipa é composta por 4 portuguesas, 1 angolana, 1 moçambicana e 1 investigadora italiana especializada em arquitectura guineense. Todos os membros têm formação em Arquitectura e História da Arquitectura. As investigadoras serão assistidas pelas consultoras: género e feminismo no contexto internacional (Mary McLeod); estudos de género no contexto nacional aplicados à arquitectura (Patrícia Pedrosa) iii) arquivos de Obras Públicas portuguesas (Ana Canas). A análise crítica pós-colonial permitirá leituras cruzadas com a investigação em curso pela comunidade científica africana, garantida pelos investigadores africanos que compõem a equipa. Os resultados serão debatidos através de diferentes meios de comunicação, destacando-se a organização de um Simpósio Internacional.
Centro de Investigação | Grupo de Investigação | Papel no Projeto | Data de Início | Data de Fim |
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DINAMIA'CET-Iscte | Cidades e Territórios | Líder | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Instituição | País | Papel no Projeto | Data de Início | Data de Fim |
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Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) | Portugal | Parceiro | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Instituto de Planeamento e Gestão Urbana de Luanda (IPGUL) (IPGUL) | Angola | Parceiro | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Nome | Afiliação | Papel no Projeto | Data de Início | Data de Fim |
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Ana Vaz Milheiro | Investigadora Integrada (DINAMIA'CET-Iscte); | Investigadora Responsável | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Leonor Matos Silva | Investigadora Integrada (DINAMIA'CET-Iscte); | Investigadora Responsável | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Beatriz Serrazina | Assistente de Investigação (DINAMIA'CET-Iscte); | Investigadora | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Filipa Fiúza | Assistente de Investigação (DINAMIA'CET-Iscte); | Investigadora | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Francesca Vita | Investigadora Integrada (DINAMIA'CET-Iscte); | Investigadora | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Inês Rodrigues | Investigadora Integrada (DINAMIA'CET-Iscte); | Investigadora | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Código/Referência | DOI do Financiamento | Tipo de Financiamento | Programa de Financiamento | Valor Financiado (Global) | Valor Financiado (Local) | Data de Início | Data de Fim |
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2022.01720.PTDC | -- | Contrato | FCT - PTDC - Portugal | 49989.45 | 49989.45 | 2023-03-01 | 2024-08-31 |
Ano | Tipo de publicação | Referência Completa |
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2024 | Artigo em revista científica | Silva, L. M. (2024). Women's absence from the public sphere: Gender inequality in Portuguese architecture schools. Postcolonial Directions in Education. 13 (1), 256-289 |
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Com o objetivo de aumentar a investigação direcionada para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030 das Nações Unidas, é disponibilizada no Ciência-IUL a possibilidade de associação, quando aplicável, dos projetos científicos aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Estes são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável identificados para este projeto. Para uma informação detalhada dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, clique aqui.