Nas últimas décadas, no mundo ocidental, têm-se vindo a assistir a um desenvolvimento desigual e hierárquico do território, que tende para a concentração de capital humano e financeiro nos núcleos urbanos e para a negligência das zonas rurais, cada vez mais despovoadas e empobrecidas. Este cenário condena os territórios rurais a um ciclo vicioso de declínio, marginalização, abandono e empobrecimento, do qual a população escapa, migrando para núcleos urbanos em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Face a este panorama, aparentemente irreversível, propõe-se a análise do problema na sua génese, isto é, a dualidade rural-urbano, no sentido de definir que relações se estabelecem entre o conceito de rural e o conceito de urbano. Assim, identificam-se três lógicas de relacionamento: o rural como oposto do urbano; o rural como parte do urbano; e o rural como alternativa ao urbano. Com a apresentação destas três visões da dualidade rural-urbano, que coexistem e se sobrepõem em vários períodos históricos, pretende-se desconstruir a ideia de que a desigualdade territorial e a insustentabilidade dos territórios ditos rurais é-lhes inerente e irrevogável, criando assim uma base de discussão sobre os possíveis futuros para a sustentabilidade do rural e do território como um todo.

Maria de Fátima Ferreiro e Rui Aristides Lebre pela orientação

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