Publicação em atas de evento científico
Despovoamento e desigualdades territoriais: Evolução histórica e responsabilidade do poder local
Maria Antónia Pires de Almeida (Almeida, M. A. P. de.);
Proceedings 28th APDR Congress. Green and inclusive transitions in Southern European regions: What can we do better?
Ano (publicação definitiva)
2021
Língua
Português
País
Portugal
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N.º de citações: 2

(Última verificação: 2024-04-23 08:07)

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(Inglês) Depopulation and territorial inequalities: History and local government’s responsability

Abstract/Resumo
Fruto de um movimento demográfico em direção às cidades do litoral e ao estrangeiro, com maior intensidade nos anos sessenta do século XX, o despovoamento rural tomou conta da paisagem do interior de Portugal. Ainda no Estado Novo foram postos em prática programas para impulsionar a economia e a indústria e para fixar as populações nos territórios rurais, entre eles as campanhas do trigo, os planos de colonização interna, os projetos de hidráulica agrícola e a reflorestação. Nenhum deles impediu o êxodo rural com destino a melhores condições de vida e salários mais atraentes. Nas últimas décadas as grandes cidades, e sobretudo os seus subúrbios, assistiram a um crescimento exponencial, enquanto nas zonas rurais, que ocupam 80% do território, atualmente apenas reside 20% da população do país. A globalização e a deslocalização das indústrias reduziram ainda mais a oferta de emprego, com consequências graves para a população que ainda resiste a viver longe dos grandes centros e que se encontra na sua maioria desligada da agricultura como principal atividade. Depois de anos de construções rodoviárias e aplicação de fundos comunitários em infraestruturas municipais, a falta de população, e particular jovem, tornou-se notória nas vilas e aldeias de Portugal. Perante esta realidade, os sucessivos governos elaboraram planos de coesão territorial e desenvolvimento sustentável cuja concretização não teve resultados práticos na maior parte dos casos. Em simultâneo, os municípios esforçam-se por reverter o despovoamento com estratégias de atração para pessoas e empresas. Pela sua proximidade às populações, é no poder local que recai a responsabilidade de consolidar as condições para garantir a qualidade de vida dos seus munícipes e a defesa dos seus territórios, assim como identificar e criar incentivos para que as suas populações vivam e trabalhem, sem sentirem necessidade de emigrar. As ações mais divulgadas incidem sobre a educação e integração dos jovens, formação profissional, assistência aos mais velhos e situações de carência, e especialmente no turismo e na valorização do património, que assumiu novas definições e tipologias. Numa era marcada pela forte mediatização do ambiente e dos seus problemas, valoriza-se o património cultural e natural como recurso mercantil (Guimarães, 2018). A preocupação mais evidente é a construção de marcas locais, certificações, redescoberta do artesanato, da gastronomia, das tradições populares e da natureza. Os festivais de verão são inevitáveis. Porém, nenhuma destas ações consegue contrariar a falta de emprego, o desinvestimento público e privado e a falta de serviços básicos, como a água, a eletricidade, as comunicações, o ensino, os cuidados de saúde. A vontade de muitos profissionais se mudarem para o interior, mantendo os seus trabalhos à distância, não resiste à fraca cobertura da net e aos deficientes serviços que lá encontram. Fruto de um movimento demográfico em direção às cidades do litoral e ao estrangeiro, com maior intensidade a partir dos anos sessenta do século XX, o despovoamento rural tomou conta do interior de Portugal. Nas últimas décadas as grandes cidades, e sobretudo os seus subúrbios, assistiram a um crescimento exponencial, oferecendo melhores condições de vida e salários mais atraentes, enquanto nas zonas rurais, que ocupam 80% do território, atualmente apenas reside 20% da população do país. A globalização e a deslocalização das indústrias reduziram ainda mais a oferta de emprego, com consequências graves para a população que ainda resiste a viver longe dos grandes centros e que se encontra na sua maioria desligada da agricultura como principal atividade. Apesar dos sucessivos planos de coesão territorial e desenvolvimento sustentável produzidos pelos governos, e do esforço dos municípios para reverter o despovoamento com estratégias de atração para pessoas e empresas, o último censo de 2021 confirmou a tendência, que ainda se agravou. Pela sua proximidade às populações, é no poder local que recai a responsabilidade de consolidar as condições para garantir a qualidade de vida dos seus munícipes e a defesa dos seus territórios, assim como identificar e criar incentivos para que as suas populações vivam e trabalhem, sem sentirem necessidade de emigrar. As ações mais divulgadas incidem sobre a educação e integração dos jovens, formação profissional, assistência aos mais velhos e situações de carência, e especialmente no turismo e na valorização do património, que assumiu novas definições e tipologias. Recentemente sentiu-se o excesso de turismo, especialmente em Lisboa e Porto, onde os bairros mais tradicionais foram transformados em parques temáticos e os residentes foram afastados, quando as rendas e valores imobiliários chegaram aos níveis das capitais mundiais. Assistiu-se a alguma renovação urbana, mas grande parte dos prédios antigos foi convertida em condomínios de luxo, hostels e Airbnb. A restauração e o comércio tradicional foram substituídos por subsidiárias de marcas internacionais. Perante a pandemia de Covid-19, as autarquias foram obrigadas a dar respostas imediatas e diretas aos cidadãos, que ultrapassaram as indicações das autoridades de saúde e a legislação dos estados de emergência. Com a perda dos turistas, o discurso político mudou. Analisam-se as novas posturas e estratégias do poder local para responder aos problemas económicos e sociais locais provocados pelo confinamento, especialmente a utilização dos websites e redes sociais, que se tornaram veículos para aumentar a legitimidade e a confiança.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
Municípios,Pandemia,Património,Rural,Urbano
  • Sociologia - Ciências Sociais
  • Ciências Políticas - Ciências Sociais
Registos de financiamentos
Referência de financiamento Entidade Financiadora
UIDB/03126/2020 Fundação para a Ciência e a Tecnologia

Com o objetivo de aumentar a investigação direcionada para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030 das Nações Unidas, é disponibilizada no Ciência-IUL a possibilidade de associação, quando aplicável, dos artigos científicos aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Estes são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável identificados pelo(s) autor(es) para esta publicação. Para uma informação detalhada dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, clique aqui.