Após os acordos de paz de Roma, em 1992, Moçambique abre a sua economia ao mercado global iniciando um processo de privatizações de empresas, abertura ao investimento estrangeiro e grandes operações financeiras complexas envolvendo o Estado, multinacionais e organismos internacionais como o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento, etc. Esta abertura ocorre num momento em que a advocacia moçambicana é incipiente com poucos profissionais, fruto da contingência revolucionária pós-independência. Nestes 30 anos o desenvolvimento da advocacia privada e de negócios em Moçambique acontece em estreita articulação com a advocacia portuguesa num cenário de reconfiguração das relações entre os dois estados. A presente comunicação tem por base trabalho de campo, em Moçambique e Portugal, em diferentes períodos. Uma primeira ronda foi realizada em Portugal de 2016 a 2020 junto de grandes sociedades de advocacia com a seleção para entrevista de advogados a trabalhar em pontos de ligação com Moçambique , autodenominados international desks. Uma segunda fase decorreu em Novembro de 2022, em Maputo com a visita a sociedades de advogados com ligações a Portugal. Uma terceira fase decorre em Dezembro e Janeiro de 2023, em Lisboa, com nova visita a sociedades portuguesas e nova ronda de entrevistas a advogados. Pretende-se identificar as formas de internacionalização e cooperação entre sociedades e advogados portugueses e moçambicanos assente em quatro dimensões: formação académica, desenvolvimento profissional, organização do trabalho e partilha de clientes.

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