Esta comunicação tem o objetivo de apresentar um argumento inicial sobre como as vivências com educação sexual escolar são percebidas e representadas nas narrativas sobre experiências de contracepção/reprodução por pessoas autoidentificadas como mulheres e homens heterossexuais, bissexuais e homossexuais que vivem em Lisboa (Portugal). Para isto, consideram-se os dados de uma investigação etnográfica multi-situada (Marcus, 1995) ainda não finalizada, desenvolvidos entre 2021 e 2023. Têm-se em apreciação (i) histórias pessoais narradas relatos de vida (Kofes, 1994), construídos através de entrevistas; (ii) a existência de legislação nacional específica sobre educação sexual em meio escolar, a exemplo da Lei 3/84 de 24 de março e da Lei 60/2009 de 6 de agosto; (iii) e o debate público sobre a questão registado em meios de comunicação social neste período, tomando como exemplo a página online do jornal Público. A partir destes três espaços onde as experiências reprodutivas e contraceptivas são formuladas, baseio-me em debates sobre gênero, sexualidade, reprodução social e poder para elaborar o foco deste argumento: uma observação sobre como exercícios de poder relativos ao ter-ou-não-ter-filhos são vividos e significados entre múltiplas camadas de relações sociais e em dinâmicas diversas entre o Estado, a escola e as vidas quotidianas, procurando construir uma reflexão sobre as bases socioculturais desses exercícios de poder. Esta comunicação integra a investigação que desenvolvo para minha tese doutoral a respeito da multidimensionalidade dos exercícios de poder que atravessam as experiências contraceptivas.

Ao CRIA, pelo acolhimento na investigação doutoral; FCT Portugal, pelo financiamento.

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