Abstract/Resumo
A cidade da Horta (Faial, Açores) é um lugar cuja singularidade resulta em grande parte da escala e disposição do aglomerado urbano face aos elementos naturais e paisagísticos que o envolvem. É um lugar que ainda preserva um equilíbrio antigo entre urbanidade, ruralidade e mar. Tanto a um nível físico e geo-morfológico, como a um nível social. No plano físico, é uma cidade claramente delimitada.
Apreendemo-la com um olhar. Confinada num belo anfiteatro natural, que sobe rapidamente desde a orla de mar, por uma série de linhas. Como que uma mão aberta por onde penetra a vegetação evidenciando a ruralidade. Na base, a linha de mar, a cidade histórica e a sul, confundindo-se com o limite da cidade, o porto, cuja dimensão infra-estrutural tem um significado acrescido, dado o contexto de pequena cidade insular (8000 habitantes). Significado este praticamente iconográfico, pela convergência entre a topologia e a história: a cidade derrama para o mar, todas as vistas e caminhos convergem para a baía. E o porto, num longo abraço efectuado pelo molhe novecentista, é o local de encontro, de chegada e de partida. A ligação das gentes e da economia insular ao mundo exterior. Do casario em varanda controla-se o movimento marítimo nos canais (Faial-Pico e Pico-S. Jorge) e que marca as horas do dia. Os horários das lanchas, os movimentos de cargas, os dias de ferries, o movimento dos turistas da baleação e do mergulho e as ausências da frota pesqueira. O cais é vivido intensamente e está aberto - historicamente - à cidade.