Análise
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Expresso
Estudos recentes denunciam que pais helicóptero substituem os filhos na procura ativa de emprego. Elaboram e enviam currículos e cartas de motivação e, em 25% dos casos, chegam mesmo a acompanhar os filhos na entrevista de emprego. Especialistas alertam para riscos da ausência de autonomia dos jovens na vida profissional e pessoal
Teresa Seabra, professora associada do ISCTE-IUL, corrobora. “Nas últimas décadas, por um lado foi aumentando a escolaridade obrigatória - nas condições atuais, no nosso país, só pode alguém dedicar-se a outra atividade que não seja estudar a partir dos 18 anos de idade - e, por outro lado foi antecipada a maioridade para os 18 anos de idade”, diz, acrescentando que “são movimentos em sentido oposto. Pode exercer-se uma atividade económica e ter meios de subsistência, mas não a ponto de poder viver de forma autónoma, dadas as particulares dificuldades existentes na habitação e dado o elevado custo de vida. Uma conjuntura que na opinião da socióloga “produziu (e produz) uma progressiva infantilização das pessoas a ponto de se submeterem à autoridade parental por tempos muito mais prolongados”.