Partindo de uma experiência pedagógica em ambiente universitário discutimos a necessidade de descolonizar a inteligência artificial (IA), abordando as desigualdades e os preconceitos embutidos nos sistemas algorítmicos. O projeto desenvolveu‑se no âmbito de uma Unidade Curricular da Licenciatura em Antropologia do Iscte – Colonialismo, Pós‑colonialismo e Antropologia. A constatação de que a IA reflete e reforça estruturas coloniais de poder, perpetuando discriminações raciais, sociais e culturais, exige uma intervenção descolonizadora. Os modelos de IA são treinados com dados predominantemente ocidentais, o que marginaliza outras perspetivas e reproduz visões hegemônicas. O texto defende uma IA que respeite a pluralidade cultural, promovendo justiça social e tecnológica. Para descolonizar a IA, é necessário adotar uma abordagem mais inclusiva e ética, ampliando a diversidade na coleta de dados e no desenvolvimento tecnológico. Também é essencial garantir transparência nos algoritmos e estimular regulações que combatam vieses discriminatórios. Neste projeto de experimentação em IA com uma vertente expositiva, os/as estudantes participarão ativamente do projeto pedagógico por meio de diversas atividades práticas e teóricas, que incentivam a reflexão crítica e a aplicação dos conhecimentos adquiridos; irão estudar como os algoritmos de IA funcionam, identificando possíveis vieses discriminatórios; apoiarão no desenvolvimento de um projeto de IA mais inclusivo e ético na construção de biografias de pessoas racializadas. O objetivo é que os/as estudantes não apenas compreendam a IA de um ponto de vista técnico, mas também desenvolvam uma visão crítica e ativa, ajudando a criar tecnologias mais inclusivas e socialmente responsáveis.

Agradeço a Mel Campos e Leo Oliveira pela sua participação neste projeto de criatividade pedagógica na UC que coordenei de Colonialismo, Pós-Colonialismo e Antropologia da Licenciatura em Antropologia.

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